Acabo de ler
um livro que foi editado em 2013 e em dezembro de 2014, pouco mais de um ano
depois, chegava à 12ª edição. O livro se intitula “Holocausto Brasileiro” e sua
autora é a jornalista Daniela Arbex. O tema é a história de um hospício, na
cidade de Barbacena, em Minas Gerais. O título dado à obra faz sentido:
praticou-se nele um extermínio semelhante ao dos campos de concentração
nazistas, com mais de 60 mil mortos.
Lendo essa
história terrível, veio-me à mente um quadro de informações que tive em mãos
quando escrevi o romance “A Cocanha”. O Hospício São Pedro, em Porto Alegre,
inaugurado em 1884, foi o destino de muitos imigrantes italianos. Alguns
perdiam o juízo, como se dizia, ou entravam
em depressão, como se diria hoje, diante das enormes dificuldades que
tinham de enfrentar para sobreviver. Mas a maioria dos que eram lá internados
era de viciados em bebidas alcoólicas – também um recurso para se evadir dos
problemas – com o diagnóstico técnico de “psicose hetero-tóxica”. No período que vai até 1900, cerca de
quatrocentos imigrantes foram piedosamente encaminhados ao São Pedro, por
intermediação das autoridades das colônias e por padres, em nome da paz das
famílias.
No meu
romance cuidei de não ocultar esse tipo de problema sem, no entanto, carregar
nas tintas. Procurei ficar no limite para não fazer uma narrativa de
glorificação de heróis que não existiram nem, no outro extremo, desfilar
situações de desgraça que de fato existiram. Ainda hoje acho que fiz bem.
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