segunda-feira, 25 de maio de 2015

DIZER “NÃO”

Quando Geraldo Vandré, num Festival Brasileiro da Canção dos anos dourados, que era o outro lado dos anos de chumbo, cantou “Disparada”  com aquele verso “Aprendi a dizer ‘não’” a plateia presente entrou em delírio. Foi em 1966, na Record. Nada a estranhar, portanto: cantor e público pertenciam à mesma geração da frase “é proibido proibir”.
Agora saiu em livro uma pesquisa, de Tania Zagury, que  investigou a geração de pais da época de “Disparada” e descobriu um dado impressionante: os pais, que se vangloriavam de ter aprendido a dizer “não”, foram incapazes de dizer “não” para os filhos. Resultado: filhos inseguros, incapazes de aceitar críticas e de rever as próprias posições. Uma geração que tende a achar que está sempre certa e a assumir posições dogmáticas, fundamentalistas, radicais. A geração que vem depois dessa é tão irresponsável que deixa os filhos para os avós cuidarem. E acham que é o certo. Tudo isso está na pesquisa.
Bem, esse é o extremo a que se está chegando, o de não aceitar um “não” de ninguém. Isso me faz lembrar outro extremo. Em 1934, quando o balão dirigível Graf Zeppelin sobrevoou Porto Alegre e redondezas, com seus 236 metros de comprimento, ele passou também por São Leopoldo. O Padre Reus, sim, o Padre Reus, estava dando aula no colégio dos jesuítas. Alguns alunos tentaram ir à janela para ver o Zeppelin e ouviram um sonoro “Não!” do Padre Reus: “Aula é aula, voltem para os lugares!”
O que eu penso disso? Cada um faça a filosofia que achar melhor. 

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