segunda-feira, 11 de maio de 2015

GOSTO DE UVA



Quem vem de fora, como eu, acaba descobrindo na cidade de Caxias do Sul coisas e sabores que quem nasceu e viveu sempre dela às vezes não percebe. Mais uma prova disso é o livro que acaba de ser lançado, com o título de “Isabella em Contos”, da autoria de Luiz Carlos Ponzi. Ele nasceu em Guaporé antes de fazer de Caxias a sua cidade. Não apenas como seu habitante, mas deixando-se penetrar dela em todos os sentidos, físicos, emocionais e mentais.
Ponzi já havia dado a público, em 2002, uma história do Bar Treze, um local que fez história como ponto de encontro para passar tempo e para fazer política. Principalmente fazer política. Agora seu olhar atento elabora uma coletânea de onze  quadros – de ficção desta vez – mostrando uma cidade com o nome de Isabella, homenagem à “uva Isabella”, entre os anos de 1905 e 2005: uma narrativa para cada início de nova década.
Um tom bem humorado percorre cada um dos contos, dando uma das dimensões subjacentes à cultura desta cidade: a vontade de rir de tudo, principalmente de si própria. O autor inventa até uma história em que Luiz Carlos Prestes desembarca em “Isabella” onde, como diz o título do conto “a revolução do proletariado se atrapalha”.
Nesse sentido, “Isabella em Contos” filia-se a uma das obras fundadores da literatura local, “Pesos e Medidas”, do saudoso Ítalo Balen, em que a crônica dos fatos vem o tempo todo perpassada de riso. O que é muito bom. Rabelais já nos mostrava que quem não sabe rir não sabe também viver.

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