Quem vem de
fora, como eu, acaba descobrindo na cidade de Caxias do Sul coisas e sabores
que quem nasceu e viveu sempre dela às vezes não percebe. Mais uma prova disso
é o livro que acaba de ser lançado, com o título de “Isabella em Contos”, da
autoria de Luiz Carlos Ponzi. Ele nasceu em Guaporé antes de fazer de Caxias a
sua cidade. Não apenas como seu habitante, mas deixando-se penetrar dela em
todos os sentidos, físicos, emocionais e mentais.
Ponzi já
havia dado a público, em 2002, uma história do Bar Treze, um local que fez
história como ponto de encontro para passar tempo e para fazer política.
Principalmente fazer política. Agora seu olhar atento elabora uma coletânea de
onze quadros – de ficção desta vez –
mostrando uma cidade com o nome de Isabella, homenagem à “uva Isabella”, entre
os anos de 1905 e 2005: uma narrativa para cada início de nova década.
Um tom bem
humorado percorre cada um dos contos, dando uma das dimensões subjacentes à
cultura desta cidade: a vontade de rir de tudo, principalmente de si própria. O
autor inventa até uma história em que Luiz Carlos Prestes desembarca em
“Isabella” onde, como diz o título do conto “a revolução do proletariado se
atrapalha”.
Nesse
sentido, “Isabella em Contos” filia-se a uma das obras fundadores da literatura
local, “Pesos e Medidas”, do saudoso Ítalo Balen, em que a crônica dos fatos
vem o tempo todo perpassada de riso. O que é muito bom. Rabelais já nos
mostrava que quem não sabe rir não sabe também viver.
0 comentários:
Postar um comentário