O
NOME DE CAXIAS
José
Clemente Pozenato
Caxias do Sul
começou de maneira tão discreta que nem sequer tinha nome: era “a colônia nos
fundos de Nova Palmira”, ou o Campo dos Bugres (o “Campo”, como escrevia Paolo
Rossatto aos parentes na Itália, ainda em 1883). Ganhou oficialmente o nome de
Colônia Caxias em 1877. Foi Vila Santa Teresa de Caxias, em 1890, até virar
cidade de Caxias em 1910, no mesmo dia em que foi inaugurada a estação do trem.
O sobrenome “do Sul” veio bem mais tarde, para diferençar da Caxias maranhense.
O
curioso é que ninguém, até agora, havia identificado quem deu o nome de Caxias para
a colônia sem nome, e como isso aconteceu. O autor da ideia estava mais ou
menos identificado: teria sido o engenheiro pernambucano José de Cupertino
Coelho Cintra. E era um grande
empreendedor, esse padrinho de Caxias: construiu em 1892 o túnel Real Grandeza,
entre Botafogo a Copacabana, implantou diversas linhas de bondes no Rio e foi
quem introduziu o bonde elétrico, comentado por Machado de Assis numa crônica
em que dois burros, que puxavam bonde, filosofam sobre sua aposentadoria.
Antes disso, Coelho
Cintra havia sido “Inspetor Geral de terras e colonização” na colônia de
imigrantes italianos no Espírito Santo. Agora, como foi ele se envolver com os
imigrantes aqui dos fundos de Nova Palmira? Quem descobriu a história inteira
foi o pesquisador Luiz Brambatti, que me segredou em primeira mão num corredor
de supermercado. Ela está narrada, tintim por tintim, no último livro dele, que
está para sair. Por isso não conto o final do filme.