segunda-feira, 27 de julho de 2015

PÃO BRANCO

O Dr. Couty, um francês, esteve no Rio de Janeiro, trazido por D. Pedro II, para ser professor de “biologia industrial”. Couty não era apenas um naturalista curioso da flora e fauna brasileiras: via os recursos biológicos em perspectiva econômica, ou industrial, como ele denominava seu foco de estudo. Para fazer uma avaliação de nosso país a esse respeito, percorreu o Brasil de ponta a ponta, do Piauí ao Rio Grande do Sul.
Nos relatórios que publicou numa revista francesa, o Dr. Couty faz uma análise detalhada dos hábitos alimentares do povo: o que se comia e como era preparada a comida. E até mesmo que gosto tinha, porque o Dr. Couty provou desde o angu e a feijoada, no Norte, até a carne seca e a erva-mate aqui no Sul.
Surpresa para ele foi descobrir que o pão não fazia parte dos hábitos alimentares do povo. Os pratos de resistência eram, pela ordem, o angu, o feijão, a mandioca. Chama a atenção para o fato de que o Brasil, ao contrário da Argentina, não cultivava o trigo.
O relatório é de 1881, o que significa que o Dr. Couty não chegou a conhecer o plantio de trigo que começava nas colônias italianas. O cultivo do trigo foi uma das colunas mestras da economia local e a introdução do moinho a cilindro, iniciada por Germani, permitiu que se produzisse farinha de trigo de primeira qualidade no país.
Essa história revela o quanto o sonho do camponês italiano, que veio para cá sonhando em ter pão branco na mesa, foi capaz de desenvolver no Brasil uma cultura do pão, que não existia.

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