Meu
professor de História da Igreja dava o seguinte exemplo para explicar
concretamente o que significa restrição mental:
“Chega um
grupo de soldados armados, que batem com força na porta de um convento, à
procura de um fugitivo. Sai de dentro um frade, assustado, e o capitão
pergunta, com toda a força de sua autoridade: - ‘Fulano entrou por aqui?’ O
frade sabe que o fugitivo está refugiado no convento. Enfia então a mão direita
por dentro da manga do braço esquerdo e responde, com toda candura: ‘Não, por
aqui não entrou ninguém’. Os soldados vão embora e o frade respira aliviado.
Ele não mentiu, o que ele quis dizer é que ninguém tinha entrado por sua manga.
O capitão é que interpretou errado”.
Outro
exemplo. Chega uma vizinha e pergunta: ‘Tem ovos em casa?’ A dona da casa responde:
‘Não, não tenho’, enquanto pensa ‘não tenho para te dar’.
Na Igreja
Católica houve durante muito tempo um debate sobre se esse tipo de escapatória
devia ser considerado mentira ou não. Uma corrente afirmava que a restrição
mental era não só mentira como uma rematada hipocrisia. Outra corrente a
considerava um recurso a que se podia recorrer para fugir de algum perigo: não
era uma mentira, mas uma “epiqueia”. Parece que as duas posições continuam
tendo defensores.
O presidente
da Câmara dos deputados deve estar bem informado nesse assunto, a julgar por
sua linha de defesa: ‘Não menti, nunca tive conta na Suíça’, enquanto pensa:
“conta em meu nome, eu quero dizer’. Como o frade e a dona dos ovos.
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