segunda-feira, 9 de novembro de 2015

RESTRIÇÃO MENTAL

Meu professor de História da Igreja dava o seguinte exemplo para explicar concretamente o que significa restrição mental:
“Chega um grupo de soldados armados, que batem com força na porta de um convento, à procura de um fugitivo. Sai de dentro um frade, assustado, e o capitão pergunta, com toda a força de sua autoridade: - ‘Fulano entrou por aqui?’ O frade sabe que o fugitivo está refugiado no convento. Enfia então a mão direita por dentro da manga do braço esquerdo e responde, com toda candura: ‘Não, por aqui não entrou ninguém’. Os soldados vão embora e o frade respira aliviado. Ele não mentiu, o que ele quis dizer é que ninguém tinha entrado por sua manga. O capitão é que interpretou errado”.
Outro exemplo. Chega uma vizinha e pergunta: ‘Tem ovos em casa?’ A dona da casa responde: ‘Não, não tenho’, enquanto pensa ‘não tenho para te dar’.
Na Igreja Católica houve durante muito tempo um debate sobre se esse tipo de escapatória devia ser considerado mentira ou não. Uma corrente afirmava que a restrição mental era não só mentira como uma rematada hipocrisia. Outra corrente a considerava um recurso a que se podia recorrer para fugir de algum perigo: não era uma mentira, mas uma “epiqueia”. Parece que as duas posições continuam tendo defensores.

O presidente da Câmara dos deputados deve estar bem informado nesse assunto, a julgar por sua linha de defesa: ‘Não menti, nunca tive conta na Suíça’, enquanto pensa: “conta em meu nome, eu quero dizer’. Como o frade e a dona dos ovos.

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