É bastante
comum ouvirmos a expressão “cultura italiana no Rio Grande do Sul”. Na realidade, não existe uma “cultura italiana”
entre nós, mas uma “cultura da imigração italiana”, construída com a herança
trazida de além-mar mais o patrimônio encontrado aqui, da língua à comida, das
crenças aos métodos de trabalho e aos costumes da vida em sociedade..
A primeira
escolha de quem emigra é ter de selecionar o que irá manter e o que irá
abandonar da sua cultura de origem. Vamos tomar o exemplo mais perto do chão, o
das técnicas de cultivo. Os imigrantes italianos, pela prática e pela
observação, sabiam como plantar, cultivar e colher o trigo, o milho, o feijão,
as batatas. Mas ter de cultivar um terreno coberto de árvores gigantescas, onde
vivem animais e insetos desconhecidos, obrigou à adoção e à descoberta de novas
práticas agrícolas.
Paolo
Rossato, em suas cartas aos parentes, descreve em minúcia a derrubada do mato,
a queima, a capina no meio das toras que ficam inteiras, apodrecendo, o plantio
do milho: “quatro ou cinco grãos por cova, à distância de um metro uma da
outra”. Dá ainda detalhes de como matar as formigas, de como e onde cultivar as
videiras, das ferramentas usadas para o trabalho: tudo diferente do que era na
Itália!
Só nas
atividades menos condicionadas pelo ambiente físico os costumes foram sendo
mantidos sem maiores mudanças. Entre eles, os da cultura do comer, que também
foi reinventada aqui, não por vontade mas por necessidade. Uma inovação dentro
da tradição.
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