segunda-feira, 1 de junho de 2015

CULTURA DA IMIGRAÇÃO

É bastante comum ouvirmos a expressão “cultura italiana no Rio Grande do Sul”.  Na realidade, não existe uma “cultura italiana” entre nós, mas uma “cultura da imigração italiana”, construída com a herança trazida de além-mar mais o patrimônio encontrado aqui, da língua à comida, das crenças aos métodos de trabalho e aos costumes da vida em sociedade..
A primeira escolha de quem emigra é ter de selecionar o que irá manter e o que irá abandonar da sua cultura de origem. Vamos tomar o exemplo mais perto do chão, o das técnicas de cultivo. Os imigrantes italianos, pela prática e pela observação, sabiam como plantar, cultivar e colher o trigo, o milho, o feijão, as batatas. Mas ter de cultivar um terreno coberto de árvores gigantescas, onde vivem animais e insetos desconhecidos, obrigou à adoção e à descoberta de novas práticas agrícolas.
Paolo Rossato, em suas cartas aos parentes, descreve em minúcia a derrubada do mato, a queima, a capina no meio das toras que ficam inteiras, apodrecendo, o plantio do milho: “quatro ou cinco grãos por cova, à distância de um metro uma da outra”. Dá ainda detalhes de como matar as formigas, de como e onde cultivar as videiras, das ferramentas usadas para o trabalho: tudo diferente do que era na Itália!
Só nas atividades menos condicionadas pelo ambiente físico os costumes foram sendo mantidos sem maiores mudanças. Entre eles, os da cultura do comer, que também foi reinventada aqui, não por vontade mas por necessidade. Uma inovação dentro da tradição.

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