segunda-feira, 8 de junho de 2015

CULTURA DA IMIGRAÇÃO – 2

Voltando ao tema da semana passada, sobre como aqui se construiu uma “cultura da imigração italiana”, e não, simplesmente, se transplantou uma “cultura italiana”, veja-se como se transformaram as relações de vizinhança.
A experiência vivida nas regiões de emigração, com poucas exceções, era a de uma vizinhança  próxima, em pequenas aldeias – os paesi. De sua casa na aldeia, o agricultor se dirigia para as terras de cultivo que, note-se, nem eram de sua propriedade. Aqui, o regime de colônias, com propriedades familiares acima de 20 hectares, obrigava o imigrante italiano a residir na propriedade. Com isso, os vizinhos mais próximos já não estavam ao lado, mas a meio quilômetro, a um quilômetro de distância, separados ainda, muitas vezes, pela floresta e por caminhos quase intransitáveis.
Não é difícil de imaginar o quanto as relações de vizinhança, fundamentais para toda organização humana, se modificaram nesse cenário. No dia a dia, cada família vivia isolada nos seus afazeres. Para o encontro de vizinhos, diferente do que ocorria na Itália, seria necessária a criação de ocasiões especiais.
O filó, que já na Itália existia como reunião de vizinhança e lazer, mudaria em parte, aqui, sua função. Passaria a ser também um encontro de apoio mútuo, talvez, principalmente, como conforto psicológico para o isolamento em que cada família vivia. Mais uma vez, não houve o puro e simples transplante de um costume, mas a sua reinvenção em vista de novas necessidades.

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