segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ESTAÇÕES

Nesta virada de ano, tem-se a impressão de que as estações enlouqueceram. As chuvas, principalmente, não cansam de inundar o Sul do Brasil, mais os países vizinhos. São as chuvas de verão, poderia alguém dizer, repetindo uma frase feita. Mas a marca das chuvas de verão, e por isso elas passaram a servir de metáfora do efêmero, era o de serem passageiras. E acontece também que as mesmas enxurradas, arrastando casas, carros e encostas, estão assustando a Inglaterra. E, a não ser que o planeta tenha enlouquecido de vez, na Inglaterra agora é inverno.
De Caxias do sul já se disse que a cidade consegue ter as quatro estações – as antigas: primavera, verão, outono e inverno – no mesmo dia. Também se disse que a cidade tem, de fato, apenas duas estações: o inverno e a estação rodoviária. Mas nada disso mais está valendo. Temos em definitivo apenas uma estação: a das chuvas.
Desconfio que até um pequeno poema que fiz há tempo, com o título de “Estações”, tenha também perdido a validade. Em todo o caso vai um pedaço dele aqui, como um salvado da enchente:

“estações
do dia, no giro das horas
do ano, no giro dos dias
da vida, no giro dos anos
estações
de partida e de chegada
estações
da flor, do fruto
estações”.

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